[Fanfic] Hontou no Kimochi

Capítulo 8

Enquanto tentava defender-se do monstro, mas sem muito sucesso devido à sua perna ainda ferida, o Yousuke repara na Miki, e diz:
- Afasta-te, Miki! Vai para um local seguro!
Ao ouvir isso a Miki hesita, mas acaba por ir para um local escondido, onde se transforma. Uma luz colorida surgiu à sua volta, enquanto o seu uniforme azul e branco foi dando lugar a um fato cor-de-rosa. Tinha uma saia curta e com folhos, com um grande laço na sua parte de trás. As botas eram essencialmente brancas e compridas. Após a transformação ficava também com muitos acessórios, o seu pendente ao peito, claro, brincos e luvas brancas. O seu cabelo ficara apanhado em dois grandes rabichos, dos quais saíam belos caracóis castanhos. Depois de transformada as suas capacidades de resistência, força e reflexos aumentavam, algo que a Miki já tinha reparado logo na sua primeira batalha.
Respirou fundo, e foi para o local onde estava o monstro. No momento em que chegou o monstro preparava-se para fazer um ataque, mas a Miki foi rápida o suficiente e conseguiu bloqueá-lo. Virou-se para o Yousuke, visivelmente cansado e ferido, e disse:
- Estás bem, Yousuke?
- Q-quem és tu? Como é que sabes o meu nome?
- Eu... eu sou uma aliada da justiça, o meu nome é... Mikiko. Agora ouve, tens de ir para um local seguro – respondeu, pegando no Yousuke e levando-o para um local seguro – Fica aqui e não saias até eu derrotar o monstro, sim? É para o teu bem. Vi que foste muito corajoso e gentil ao tentares enfrentar o monstro para segurança da tua amiga.
- Tu... tu achas?
- Sim. E tenho a certeza de que ela se sente muito feliz por ter um amigo como tu e grata do fundo do seu coração – disse com um sorriso caloroso, enquanto saía para perto do monstro.
- Mikiko...
Mikiko?, pensou a Miki, não sabias inventar uma coisa melhor? Ele agora deve achar a Mikiko uma parva! Que espécie de super-heroína tem um nome assim?
Mal chegou perto do monstro a Miki atacou-o com tudo o que tinha. Estava frustrada. Porque tinha de ser sempre o Yousuke a sofrer? Alguém que pensa nela em primeiro lugar. Porquê ele e não ela? Procurava seriamente a resposta a estas perguntas enquanto tentava derrotar o monstro, mas não estava a ser tão fácil como da primeira vez. Este era mais resistente. A Miki deu-lhe murros e pontapés com toda a força que tinha, mas acabava sempre por ser atacada de volta. À medida que a batalha decorria mais e mais pessoas se juntavam em redor da Miki para ver o que se estava a passar. Ela repetia várias vezes que se afastassem, ou iam acabar por se magoar.
Já não sei o que mais hei de fazer, pensou a Miki, a minha energia está a esgotar-se, e ele não cede nem por nada. Tentou contactar a Mipple, mas não obteve resposta. Vá lá! Por favor! Faz com que o esforço do Yousuke não tenha sido em vão!, pensou, com as mãos no seu pendente.
Depois desse pedido algo começou a surgir do seu pendente. Algo com uma forma geométrica surgia do seu pendente, algo que rapidamente se revelou uma varinha mágica.
- Uma varinha? - disse a Miki – O que faço com isto?
Desde o local onde fora deixado, o Yousuke estava a assistir a tudo.
- Bem, seja o que for, tenho de conseguir – exclamou, posicionando a varinha em direção ao monstro. Pediu com todo o seu coração para o conseguir derrotar e, através do poder dos seus sentimentos de querer salvar todos em seu redor, a varinha soltou uma grande onda de magia que atingiu o monstro, derrotando-o.
As pessoas em seu redor aplaudiram, e rapidamente voltaram aos seus afazeres. Ao ver que o monstro tinha sido finalmente derrotado o Yousuke sorriu, enquanto tentava movimentar-se para dentro do ainda um pouco longe edifício escolar.
- Hey... Calma. Não te devias esforçar.
- Mikiko...
- Vem cá – disse, com uma voz calorosa – Eu ajudo-te a ires para a enfermaria.
- Muito obrigado – respondeu o Yousuke, com um aspeto verdadeiramente agradecido.
- Não agradeças, a sério. Isto não é nada comparado ao que tu já fizeste por mi... - interrompeu-se por momentos – pela Miki.
-  Faço-o de livre vontade, e não me arrependo de nada.
- És realmente bondoso, não Yousuke?
- Não diria isso. Fui muito egoísta para com a Miki... - disse, desanimado.
- A Miki não acha isso. Tenho a certeza. Tudo se vai resolver, sim? - disse com um sorriso.
- Espero... que sim.
- Vá, agora deixa de fazer essa cara triste, eu não gosto nem a Miki vai gostar se te vir assim. Ela quer-te feliz. Bem, estás entregue – disse, deixando o Yousuke numa das camas da enfermaria e saindo pela porta.
- Obrigado... Mikiko – sussurrou, adormecendo.
Assim que saiu pela porta a Miki correu para um dos balneários e voltou ao seu uniforme. Que faço agora?, pensou ela, mas acabou por encontrar a resposta depressa. O seu corpo movera-se quase que automaticamente. Tinha de falar com o Yousuke. Caminhou em direção à enfermaria, respirou fundo e abriu a porta. Viu o Yousuke ainda a dormir, e olhou para ele com ar preocupado. Ele está muito magoado... Mais uma vez. Contactou de novo a Mipple. Tinha de existir algum tipo de magia que ela pudesse usar para reverter a situação.
- Estou? - respondeu, por fim, a Mipple.
- Ah, Mipple! Graças a Deus! Um monstro apareceu de novo, e o Yousuke voltou a ver atacado. Não há nada que possa fazer?
- Para reverter os efeitos da magia do monstro?
- Sim, ou pelo menos uma magia de cura. Não posso deixar o Yousuke assim!
- Bem... existe uma magia de cura, mas é complicada de aprender, e gasta muito poder mágico. Fazemos assim, encontra-mo-nos mais tarde em tua casa e eu ensino-te. Mas tem em mente que sempre que a usares não vais poder usar mais a tua magia durante algum tempo, e vais ficar bastante cansada. Ainda assim, queres aprendê-la?
- Sim! - respondeu a Miki, sem hesitar – Quero sim. Então fica combinado. Até logo, Mipple.
Esperou que o Yousuke acordasse, mas nem sinal de tal coisa. Estava a ficar escuro, e tornava-se tarde.
- Yousuke... acorda... por favor... - disse, com lágrimas nos olhos – Não! Lembras-te do que o Yousuke te disse, certo Miki? Que ficaria triste se não te pudesse ver sorrir. Então tens de ser forte, por ele!
Limpou as lágrimas dos seus olhos e continuou pacientemente à espera. A Kyoko e a Tomo tinham vindo ver a condição do Yousuke e despedir-se da Miki. A Miki não se foi embora. Estava muito cansada devido à luta contra o monstro, mas não iria embora sem antes garantir que o Yousuke estava bem e sem falar com ele. Acabou então por adormecer com a cabeça em cima da cama do Yousuke.

Capítulo 9

- Hum... - abriu os olhos e tentou perceber onde estava, quando repara na presença da Miki – Miki...! Ela... Ela está a dormir...
O Yousuke olhou pela janela e percebeu que já se fizera muito tarde.
- Lembro-me de que um monstro apareceu e eu tentei desviar-me dele... mas então a Miki apareceu e eu disse-lhe para se afastar. Ah... é verdade, fui salvo pela Mikiko – acabou ele por constatar – Ela... a Miki... ficou este tempo todo aqui... por mim? - interrogou-se, passando a mão pelo cabelo sedoso da Miki.
Sentindo alguma movimentação, a Miki acabou por acordar. Levantou a cabeça e olhou para o Yousuke.
- Yousuke... - disse, ainda um pouco sonolenta – Yousuke! Acordas-te! - exclamou, até que percebeu que este estivera a mexer no seu cabelo, o que a deixou envergonhada.
- D-desculpa... - disse envergonhado, retirando a sua mão.
- Tu... tu estás bem?
- Eh?
- Q-que foi?
- Pensava que... pensava que estavas zangada comigo... que não ias querer falar mais comigo.
- Não sejas idiota. Pensas demais. Não é nada disso – respondeu a Miki, olhando nos olhos do Yousuke, que estava visivelmente espantado – Eu... eu é que tenho de pedir desculpa. Sei que não nos conhecemos há muito tempo mas mesmo assim, mesmo neste curto período de tempo consegui perceber que se há algo que não és é egoísta. Tiveste decerto as tuas razões para reagires como reagiste, e mesmo sabendo disso eu disse coisas horríveis. Por isso peço desculpa.
- Não precisas de pedir desculpa. Para mim chegou o facto de teres ficado aqui até tão tarde por mim. Obrigado.
- Porque é que és assim Yousuke?
- O que queres dizer?
- Assim, tão altruísta, sempre a colocar os outros em primeiro lugar. Não nos conhecemos há muito tempo, disse-te coisas horríveis, e mesmo assim, quando me viste perto do monstro disseste-me para me afastar, sacrificaste-te por mim. Outra vez. Porquê Yousuke? Não aguento ver isso. Não aguento ver o teu sofrimento... Não aguento que te sacrifiques por mim e depois fiques assim...
- Não sou o único que coloca os outros em primeiro lugar. Tu também és assim. Quando te sacrificas-te pelo Kise, quando me deixas-te ficar em tua casa, e mesmo agora ficas-te cá por mim.
- Mas... mesmo assim... Eu... Não sou altruísta como pensas. Acho que acabo por fazer estas coisas porque és idiota e colocas-me sempre à frente das tuas necessidades.
- Então sou um idiota feliz.
- Eh? - exclamou a Miki, espantada.
- Sou um idiota por colocar-te à frente das minhas necessidades, mas acontece que ver-te feliz me faz feliz. Deve ser por isso que o faço. Vendo as coisas dessa maneira, não sou tão altruísta. Acabo por fazê-lo apenas pela minha própria felicidade.
- Idiota! - gritou a Miki – Não o faças mais. Não te quero ver sofrer por mim. Se me queres ver feliz então para de fazer este tipo de coisas. Isso não me deixa feliz. Não me deixa feliz ver-te sofrer.
- Miki... Obrigado... - disse, calorosamente – No fim das contas, a Mikiko tinha razão.
- A... a Mikiko?
- Ela disse-me que te sentias agradecida por teres um amigo como eu, e que não estavas zangada comigo por aquilo que fiz. Por isso digo que és alguém altruísta. Quero que saibas que também estou feliz do fundo do meu coração por ter uma amiga como tu a meu lado.
- Yousuke... eu... eu estava com muito medo de vir falar contigo – disse a Miki, cabisbaixa.
- Eh? Porquê?
- Acho que... tinha medo de que não quisesses mais ser meu amigo, falar comigo, estar comigo.
- Tola...
- Hum? Eu? Porquê?
- Acho que já devias ter percebido que o que quer que aconteça eu não vou deixar de ser teu amigo. Vou continuar sempre a teu lado.
- Yousuke...
- Eu... eu sim estava com medo. Pensei que devia falar contigo, mas tinha-te deixado tão chateada que pensei que provavelmente não me querias ver mais. No fim das contas, acabaste por ficar aqui até tão tarde por mim.
- Foste mesmo idiota por pensar isso. É o mesmo para mim. Vou estar sempre aqui para ti. Então... quero que saibas que sempre que precisares de falar podes contar comigo. Para tudo.
- Obrigado, Miki.
- Eu é que agradeço – disse, com um sorriso seguido de um abraço ao Yousuke – Bem, devíamos ir para casa, queres que te leve até lá?
- Não é preciso. Fiquei um pouco magoado, mas não passam de feridas. Fico bem.
- Mas promete-me que tratas disso quando chegares a casa, sim? Ah, e diz-me qualquer coisa por mensagem. Não vou conseguir ficar descansada se não puder ter a certeza de que estás bem.
- Sim, claro – disse, com um sorriso.
- Então certifica-te de que tratas das feridas assim que chegares a casa, comes algo, mas nada muito elaborado, não te devias cansar a fazer o jantar, e depois te deitas cedo. Ah, já sei! - exclamou, tirando da mala uma caixa de bento – Tinha feito isto para mim mas acabei por não o comer. Fica tu com ela, é só aquecer.
- Muito obrigado. Vou ter em atenção todas as exigências – disse, rindo.
- Acho bem. Então vejo-te amanhã, Yousuke – disse, indo em direção à sua casa. Mal virou a esquina começou a correr. Tinha de chegar lá o mais depressa possível e aprender a magia de cura. Ela sabia que o Yousuke não estava assim tão bem.
Chegou a casa rapidamente, cumprimentou o seu pai e subiu para o quarto.
- Mipple! Cheguei! - exclamou, chamando pela Mipple, que surgiu da janela – Ainda bem que já estás aqui. Estou pronta.
- Então que comece o treino – disse a Mipple.

Capítulo 10

A Miki começou por se transformar e, ouvindo com atenção aquilo que a Mipple lhe dizia, fez várias magias.
- Uau! - exclamou a Miki – Não sabia que podia fazer isto!
- Bem, com o teu atual poder aquilo que consegues fazer não vai muito além disto. Agora peço-te que tires a tua varinha. É com ela que vais poder executar a magia de cura.
- Hum, ok – disse, fazendo a varinha surgir do seu pendente – e agora?
- Agora vais continuar a fazer mais magias. O teu nível de magia ainda é muito baixo, e por isso é muito difícil para ti fazeres a magia de cura.
Ao ouvir aquilo a Miki recomeçou logo a treinar. Tinha de conseguir fazer aquela magia. Usou toda a sua força de vontade para aprender coisas novas. Aprendeu novos ataques que poderia usar contra inimigos, magias para levitar objetos e melhorou até mesmo a sua agilidade. Esteve tanto tempo a treinar que o seu pai, que se deita sempre a altas horas da madrugada, teve tempo de jantar e de se recolher no seu quarto para dormir.
- Já é suficiente – disse a Mipple.
- Eh? A sério? - perguntou a Miki, surpresa, apesar de estar visivelmente muito cansada.
- Sim mas... é melhor não fazeres a magia hoje. Depois de todo este treino estás muito debilitada.
- Não! Eu tenho de fazer a magia hoje!
- Mas Miki... há... uma coisa que precisas de saber.
- Hum?
- Esta magia é muito forte – começou por explicar a Mipple – É preciso muito poder mágico para a executar e só é possível usá-la três vezes. De todas as vezes que a usares vais desmaiar e na terceira vez...
- Sim?
- Na terceira vez a probabilidade de morreres é muito alta.
- O quê?! - gritou a Miki, espantada.
- É isso mesmo Miki, por isso por favor, pensa com cuidado.
- Eu... eu... - balbuciou a Miki – eu tenho medo mas... vou fazê-la. Pelo menos hoje. Pelo Yousuke.
A Mipple sorriu. Sem dúvida que a Miki se importa com ele, pensou ela.
- Faz como quiseres – acabou por dizer – confio em ti.
- Sim! - exclamou a Miki, saindo em direção à casa do Yousuke.
Inicialmente a Miki pensou em ir a voar até lá, visto que aprendeu uma magia para tal coisa, mas como estava já com pouco poder mágico decidiu ir a pé. Correu com toda a sua força até chegar a casa dele. Assim que chegou pensou numa forma de entrar. Ele já deve estar a dormir..., pensou ela. Então, usou a sua magia de voo para olhar pelas janelas do seu apartamento, até dar de caras com uma janela de luz acesa. Oh! Ele ainda está acordado a estas horas?. Aproximou-se da janela e conseguiu abri-la, pois tinha sido deixada semi-aberta. Ao entrar pelo seu apartamento reconheceu a sala da casa do Yousuke, reparando no corpo do Yousuke no chão.
- Yousuke! - exclamou ela.
O Yousuke mostrava estar em sofrimento, e muito ferido, algo que se podia ver principalmente agora que ele estava de tronco nu. 
- Yousuke... - balbuciou, aproximando-se dele e tentando conter as lágrimas. Tocou no braço do Yousuke e ele demonstrou sinais de dor – C-calma Yousuke... Vamos já tratar disso... - disse receosa, tentando transportar o Yousuke até ao sofá, sentando-o com sucesso.
- Mi... Mikiko... Tu... O que estás a fazer?
- Shiu... Não digas nada. Não te esforces. Estás muito mal, ahn? Mas não te preocupes, vou tratar já disso com a minha magia – disse a Miki, concentrando-se para fazer a magia.
- Ma...gia?
- Sim, uma magia de cura. Vais ficar bom vais ver – disse a Miki com um sorriso forçado.
Retirou a sua varinha e começou a executar a magia. Direcionou a sua varinha para o Yousuke, fazendo aparecer energia em redor dos dois. Respirou fundo e proferiu as palavras necessárias para executar a magia. Nesse instante a energia em seu redor ficou ainda maior e mais forte, enquanto se espalhava no corpo do Yousuke fazendo-o sarar por completo.
- Já... está... - disse a Miki com um sorriso, acabando por desmaiar.
- Mikiko! - gritou o Yousuke, agarrando-a nos seus braços – Excedeste-te desta vez, ahn? Obrigado...
O Yousuke pegou na Miki ao colo e deitou-a na sua cama, aconchegando-a debaixo dos seus cobertores. Foi buscar o seu futon e deitou-se nele, adormecendo muito rapidamente devido ao seu cansaço. 
- Miki! - exclamou a Mipple, que tinha vindo secretamente com ela – Acorda! Tens de voltar para tua casa!
Sem obter resposta, a Mipple saltou para cima da Miki e tentou acordá-la mas sem sucesso, até que resolveu fazer uso da sua magia para a teletransportar de novo para a sua casa.

Capítulo 11

A magia da Mipple fez com que a Miki ficasse deitada exatamente na sua cama, e fê-la voltar ao normal. Estava já vestida com o seu pijama. A Mipple pensou não acordar a Miki e deixá-la dormir, por isso tapou-a com os seus cobertores, até que a Miki abriu os olhos.
- Hum... Onde estamos...? - disse ela, sonolenta.
- Relaxa, já estamos em tua casa. Fizeste um bom trabalho – respondeu a Mipple.
- Ah... pois estamos... trouxeste-me até cá com a tua magia? Obrigada Mipple! - disse, com um sorriso – Então e o Yousuke? Ficou bem?
- Sim. Acho que afinal és mais forte do que pareces. Desmaiaste logo após teres executado a magia. O Yousuke ficou muito espantado, mas muito grato. Levou-te ao colo para o seu quarto e deitou-te na sua cama. Ele gosta mesmo de ti, ahn?
- Eh? - exclamou, corada – N-não é verdade... Aliás, ele estava a ajudar a Mikiko, não a Miki.
- Pode ser que tenhas razão – riu a Mipple – Mas bem, tens poucas horas para dormir, aconselho-te a descansares o mais possível.
- Sim. Obrigada por tudo, Mipple – respondeu a Miki, adormecendo.
No dia seguinte, a Miki acordou muito mais bem-disposta. Vestiu o seu uniforme e desceu as escadas em direção à cozinha.
- Bom dia! - exclamou ela com um grande sorriso.
- Bom dia filha! Vejo que hoje estás muito mais bem-disposta! Que se passou? - respondeu o seu pai, colocando dois pratos de panquecas em cima da mesa e sentando-se para comer.
- Bem, a verdade é que já resolvi tudo com o Yousuke. Falámos e resolvemos as coisas. Sinto-me muito melhor agora.
- Ainda bem, filha – disse com um sorriso.
Os dois tomaram o pequeno-almoço muito sorridentes. A Miki terminou de comer, pegou na sua mochila, despediu-se do pai e saiu para a escola.
Avistou a Tomo e a Kyoko assim que chegou à escola. Estas acenaram para a Miki, que foi ter com elas.
- Bom dia! - exclamou a Miki.
- Uau! Mas que bom aspeto! Esta sim é a Miki que conheço! - riu a Tomo.
- Obrigada – respondeu a Miki com um sorriso.
- Já está tudo resolvido com o Yousuke, é? - perguntou a Kyoko.
Mas não obteve resposta. A Miki avistou ao longe o Yousuke e saiu disparada em direção a ele.
- Bom dia, Yousuke! Como te sentes hoje? - perguntou ela.
- Bem, muito bem obrigado! Na verdade, isto é tudo graças à Mikiko, ela é que me ajudou com a sua magia – respondeu o Yousuke.
- A Mikiko, ahn... - disse a Miki com um sorriso maroto – Mas isso é ótimo, Yousuke! Significa que vais poder participar no primeiro jogo do torneio interescolar! Estou tão feliz por ti Yousuke!
- É verdade. Muito obrigado Miki. Ah, e aquele bento estava delicioso. Não sei o que faria sem ti.
- De nada – disse a Miki, rindo juntamente com o Yousuke.
A campainha tocou e todos foram para as suas respetivas salas. A Miki estava tão feliz que se achava capaz de fazer algo produtivo em todas as aulas, mesmo naquelas de que menos gostava. Era uma aluna mediana e tinha facilidade em aprender, capacidade que usava sempre que não lhe apetecia prestar atenção a determinada aula. Era capaz de estudar em casa e assimilar bem a matéria sozinha, por isso a escola era algo que não a preocupava muito. 
Estava sentada na sua mesa que se situava junto à janela. Estava a ouvir com atenção tudo o que a professora dizia, até que olhou pela janela. A turma do Kise estava a ter aula de educação física. Ah... É o Kise. Estão a jogar basquete. Ele joga mesmo bem..., pensou ela, com um sorriso na cara. Oh! O Yousuke também está lá! Esta é a primeira vez que o vejo a praticar algum desporto desde o primeiro dia em que o vi. Oh, é verdade! Eu prometi ao Yousuke que o ia ver a treinar! É isso! Vou hoje mesmo vê-lo treinar, e vai ser surpresa! Espero que ele fique feliz! 
Finalmente as aulas acabaram. Tal como a Miki pensou, ela prestou atenção a todas as aulas e foi um dia particularmente divertido. Ela reuniu-se com a Tomo e a Kyoko na zona dos cacifos no fim das aulas.
- Vens connosco para casa? - perguntou a Tomo.
- Desculpem, mas não.
- Outra vez? Nunca mais voltaste connosco para casa! - queixou-se a Tomo.
- Deixa-a – ripostou a Kyoko – Isto cheira-me a Yousuke. Fica feliz por ela, pelo menos desta vez.
A Miki sorriu e a Tomo observou-a.
- Ah... Está bem. Mas só desta vez! - respondeu a Tomo – Desde o regresso às aulas que nunca mais tivemos as nossas conversas. Aliás, neste momento ando a saber tudo pela metade. Não gosto disso. A minha melhor amiga não é só do Yousuke!
- Q-que disparate! - disse a Miki, corada – Sim, isso mesmo. Eu não sou do Yousuke. Peço desculpa Tomo, não fazia ideia de que te sentias assim. Prometo que na semana que vem as coisas vão ser diferentes! Também quero saber tudo o que se anda a passar contigo, Tomo.
- Fico feliz em ouvir isso – disse a Tomo, visivelmente grata por ter a Miki como melhor amiga – Mas vá, acho que te vou ter de dispensar mais uma vez ou outra.
- Obrigada – disse a Miki a rir, enquanto ia em direção ao campo de futebol.

Capítulo 12

A relva do campo parecia mais brilhante que nunca. Estava um dia de sol radiante. Toda a equipa de futebol treinava intensamente. Ao fundo do campo de futebol a Miki conseguia observar o Yousuke a treinar com um grande sorriso na cara. Parecia imensamente feliz. Ainda bem..., pensou a Miki. Ela aproximou-se do campo de futebol sem dar nas vistas, enquanto chegava cada vez mais perto do Yousuke. Depois, gritou:
- Dá o teu melhor, Yousuke!!
Ele olhou muito surpreendido para a Miki.
- Miki...! Sim, vou esforçar-me! - respondeu, com um sorriso gentil.
O treino decorreu muito bem. O Yousuke mostrou estar em forma e pronto para o primeiro jogo do torneio interescolar. Toda a equipa estava ansiosa pelo jogo e tinha feito um ótimo trabalho. 
- Bom trabalho! - disse a Miki, trazendo uma garrafa com água e uma toalha para o Yousuke.
- Oh! Obrigado! - respondeu ele, bebendo água.
- Adorei o treino, Yousuke.
- Fiquei muito espantado com a tua vinda, Miki! Não esperava que viesses!
- Mas fizemos uma promessa, certo? Cumpro sempre as minhas promessas.
- Sim, suponho que sejas esse tipo de pessoa – respondeu o Yousuke, a rir.
- Ainda bem que estás em forma, Yousuke. Fico feliz por ti. Aliás, nunca te tinha visto tão radiante.
- A-achas? - disse, envergonhado – Bom, suponho que era porque tinha saudades. Mas a tua vinda ajudou bastante.
- N-não sejas parvo! Isto não foi nada – disse, corada.
- Para mim foi. Muito obrigado Miki. A sério.
- Hum... De nada. Apesar de nunca quebrar uma promessa vim porque quis e porque te adoro ver jogar. Por isso não tens nada que agradecer.
O Yousuke começou a rir.
- Eh? Qual é a piada? - perguntou a Miki, confusa.
- Dizes essas coisas sempre com uma cara séria, não combina contigo – riu o Yousuke.
- Unf! Estava apenas a tentar mostrar os meus sentimentos, mas parece que não me levas a sério.
- Vá, relaxa. Sabes que levo – disse o Yousuke.
Ambos sorriram.
- Então... que vais fazer agora? - perguntou a Miki.
- Hum... não tenho bem a certeza.
- Que tal irmos dar uma volta, então? Há um parque perto da minha casa ao qual costumo ir muitas vezes. Queres vir?
- Parece-me ótimo! - respondeu o Yousuke.
Foram os dois em direção ao parque. Era um parque bem simples, com apenas dois baloiços e um escorrega. Não era muito grande, mas tinha bastantes plantas que o tornavam bonito.
- Gostaste? - disse a Miki, sentando-se num baloiço.
- É um parque muito bonito, sim.
- Costumo vir aqui quando quero refletir ou pensar em alguma coisa. É uma lugar bastante calmo. Relaxa-me, de alguma forma.
- Estou a ver... Há algo que precisas de refletir neste momento?
- Hum... nem por isso. Decidi vir aqui para podermos passar mais algum tempo juntos. Acho que só por isso.
- A-a sério...? - perguntou o Yousuke, envergonhado.
- Sim. Gosto de passar tempo contigo. Sinto-me bem – respondeu a Miki, enquanto olhava para o céu.
O Yousuke olhou para a Miki. Os seus cabelos estavam soltos e flutuavam ao som do vento. Os seus olhos verdes pareciam um pouco tristes.
- Que foi? - perguntou a Miki, desviando a atenção do céu e focando-a no Yousuke.
- Miki... passa-se alguma coisa? Pareces triste.
- Eh? Eu? N-não se passa nada Yousuke. Porque dizes isso?
- Os teus olhos pareciam tristes ainda agora.
- Ah... tu percebeste... Na verdade eu estava feliz até agora, mas ver-te jogar fez-me pensar no meu sonho e lembrei-me da minha mãe, mais nada – disse a Miki, contendo as lágrimas.
- Podes chorar.
- Eh? - exclamou a Miki, espantada. Sem saber porquê, desatou num pranto.
O Yousuke nunca tinha visto a Miki assim. Aproximou-se dela e abraçou-a.
- Está tudo bem. Eu estou aqui – sussurrou ele.
A Miki continuou a chorar nos braços do Yousuke. Sentia-se segura assim. Um sentimento quente invadiu o seu coração, até que finalmente conseguiu parar.
- Obrigada, Yousuke. Não sei o que me deu – disse, com um riso um pouco forçado.
- Está tudo bem. É bom chorar de vez em quando. Eu percebo, Miki.
- Sim, sei que sim... Não é nada fácil pois não? Mesmo que eu tente dar o meu melhor para estar sempre a sorrir e seguir em frente nem sempre consigo.
- Mas sei que como és tu vais conseguir. Estás rodeada de pessoas que te adoram.
A Miki continuou a olhar para o céu azul. Ele tem razão, pensou ela. Entretanto, fechou os olhos e começou a cantar. Era uma bela música. Muito calma e até um pouco triste. A voz da Miki soava lindamente. Tinha uma voz aguda belíssima. O Yousuke ficou muito espantado. Nunca tinha pensado que a Miki cantava tão bem. Fechou os olhos e ouviu a música até ao fim. 
Ao terminar, a Miki recuperou o fôlego e voltou a abrir os olhos, calmamente.
- Que achaste? - perguntou ela.
- Linda. Simplesmente linda. Tens uma voz linda e a música é linda também.
- Obrigada Yousuke, muito obrigada mesmo. Fui eu que a escrevi.
- A sério? Não estava à espera que tivesses tanto talento! - exclamou o Yousuke, espantado.
- Obrigada. A verdade é que estava a pensar em começar uma carreira a solo. Mas não me sinto capaz disso agora – respondeu a Miki, com uma expressão triste.
O Yousuke observou-a. Detestava vê-la triste e queria desesperadamente fazer alguma coisa, mas não sabia o quê. Estiveram uns momentos em silêncio, até que o Yousuke foi capaz de dizer:
- Não gosto de te ver assim Miki. Estava a tentar encontrar algo para que pudesse fazer-te sentir melhor, mas não encontrei nada e por isso só que resta dizer o que sinto. Não percebo porque estás tão triste assim de repente Miki, mas não gosto disso. Aliás, o que estás a dizer não soa nada a ti. A imagem que me vem à cabeça quando penso em ti é de alguém forte que apesar de todos os seus problemas faz o impossível por estar sempre feliz e que sempre que se encontra face a um desafio dá o seu melhor para o superar. Tenho a certeza que consegues tudo o que quiseres Miki. Basta seres tu mesma.
- Yousuke... tu... tu achas mesmo isso? - balbuciou a Miki, à beira das lágrimas.
- Nunca te iria mentir – respondeu o Yousuke, aproximando-se da Miki – Digo mais, sabes que me vais ter sempre aqui para ti, para o que der e vier.
O Yousuke abraçou-a. A Miki chorou imenso nos braços dele. Enquanto ela chorava o Yousuke afagava-lhe o cabelo com carinho. 
Estava uma noite linda. Havia imensas estrelas no céu e nem uma nuvem. 
- Obrigada por tudo, Yousuke – disse a Miki, limpando as lágrimas.
- Não tens de agradecer.
- Graças a ti sinto-me muito melhor. Mas fazes sempre sentir-me melhor, por isso não é novidade para ninguém – sorriu a Miki.
- O-olha quem fala – balbuciou o Yousuke, corado.
- Ah~ Está a ficar tarde. Devíamos ir, não?
- Sim, concordo.
Partiram ambos para as suas casas. Precisavam mesmo de uma noite de descanso. 

Capítulo 13

No dia seguinte a Miki acordou de melhor humor. A tristeza da noite anterior tinha-lhe passado. No entanto, hoje o seu pai iria partir de novo, em trabalho. A Miki vestiu o seu uniforme e desceu as escadas.
- Bom dia! - exclamou o seu pai.
-  Bom dia pai – respondeu a Miki – Já vais?
- Infelizmente tem de ser.
- Eu sei. Mas tinha tantas saudades tuas e ficaste aqui tão pouco tempo!
- Chega aqui – disse ele, abraçando-a – Sabes que estou sempre contigo. Estive aqui mesmo muito pouco tempo, mas falamos todos os dias e sabes que podes contar comigo para tudo. Também sei que és forte e que percebes o porquê de eu fazer isto. Tenho a certeza que a tua mãe tem muito orgulho em ti.
- Sim... - disse a Miki, a chorar.
- Agora limpa essas lágrimas. Vais ver que estou de volta num abrir e fechar de olhos! Quero que me prometas que entretanto vais ser forte e sorridente, como sempre foste!
- Eu prometo – disse a Miki, limpando as lágrimas.
- Assim sim! Bem Miki, vou indo. Adeus.
- Não digas isso. Sabes que não gosto que digas adeus. Diz apenas um até mais.
- Sempre a mesma – disse o seu pai, a rir – Até mais, Miki.
- Até mais, pai. Amo-te! - exclamou a Miki, com um sorriso.
De seguida, tomou o pequeno-almoço e saiu para a escola. Hoje tinha um teste e mal tinha estudado para ele com tanta coisa a acontecer-lhe ao mesmo tempo. Só esperava que lhe corresse bem. 
Cumprimentou as amigas assim que chegou à escola e teve ainda tempo para uma vista de olhos rápida na matéria. A Kyoko era muito inteligente e fez-lhe um resumo breve da matéria para que ela se saísse bem no teste. A Miki estava verdadeiramente nervosa. Entrou na sala com o pé direito, sentou-se na sua cadeira e respirou fundo. Olhou pela janela e viu o céu azul. Foi então que reparou na presença do Kise no campo. Para sua grande surpresa o Kise olhou para ela, como se soubesse que ela o estava a observar, fixou o olhar nos olhos verdes da Miki e sorriu. A Miki sorriu de volta. Sinto-me muito melhor agora! É isso mesmo! Não é hora de ficar preocupada, basta dar o meu melhor no teste!, pensou a Miki.
Após 90 minutos de tensão todos os alunos saíram da sala. Finalmente o teste acabara.
- Ah~ Pensava que não ia sobreviver a esta – disse a Miki, com um suspiro de alívio.
- Então Miki? Pareces muito melhor que antes do teste – observou a Tomo.
- É, ele correu-me bem – respondeu ela, com um sorriso.
- Cheira-me a esturro – disse a Tomo, brincalhona.
- Yousuke? Kise? - perguntou a Kyoko.
- Eh? P-porque é que tinha de ser por um desses dois? Não acreditam nas minhas capacidades? - respondeu a Miki, ligeiramente envergonhada.
-  Não é nada disso – riu a Kyoko – Mas ultimamente tens estado muito mais feliz cada vez que esses dois surgem.
- A sério...?
- Sim, nem tens tempo para nós – disse a Tomo, aborrecida.
- Peço desculpa Tomo! Mais uma vez! Sabes que não faço por mal.
- Eu sei. Aliás, quero ver-te feliz, por isso se esses dois te fazem feliz então acho bem que estejas com eles – respondeu a Tomo, compreensiva.
- Muito obrigada! - disse a Miki, abraçando a Tomo.
- Mas então, conta lá. Agora estou interessada – riu a Tomo.
- Bem... eu estava muito nervosa com o teste, mas o Kise olhou para mim desde o campo e sorriu-me. A partir daí senti que era capaz de fazer o teste e ele correu-me lindamente! - exclamou a Miki, com um sorriso.
- Ainda bem – disse o Kise, a sorrir.
- Kise?! - exclamou a Miki, espantada.
- Bom dia! Não sabia que estavas a ter um teste Miki-chi. Mas ainda bem que te correu bem. Fico feliz por ter ajudado, apesar de achar que não fiz grande coisa.
- Nada disso, ajudou muito, obrigada.
- Ah, lembrei-me agora, tenho de ir comprar uma coisa, vens comigo Tomo? - perguntou a Kyoko.
- A-ah... Sim claro! Até mais! - respondeu a Tomo, saindo apressada com a Kyoko.
Aquelas duas..., pensou a Miki.
- Então, como tens estado, Miki-chi? Não temos passado muito tempo juntos – perguntou o Kise.
- Tens razão. Bem, dentro dos possíveis. Então e tu? Como tens estado?
- Tenho estado bem, obrigado. Mas claro que estaria melhor com a tua companhia, Miki-chi!
- Oh não digas isso! - respondeu a Miki, envergonhada.
- Acredita.
- Mas... a sério? Nós nem nos conhecemos bem... ainda assim... ficas feliz quando estás comigo?
- É um sentimento estranho. Mas é isso que sinto – disse o Kise, com um sorriso.
- Fico feliz. Na verdade... eu também...
Foi então que surgiu um grande monstro. A Miki e o Kise estavam sozinhos. Não havia mais ninguém ali. 
- Miki! Foge! - gritou o Kise, levantando-se de sobressalto.
- M-mas! Não posso fugir sem ti! Não te posso deixar aqui Kise!
- Vai, Miki!! - gritou o Kise, olhando no fundo dos olhos da Miki. Ele tinha uma expressão séria no seu rosto.
A Miki acabou por fugir para um lugar onde se pudesse transformar.